terça-feira, 19 de maio de 2009

Namorado de contos de fadas...


Isabel estava apaixonada. Não que seja uma condição anormal ela nunca ter se apaixonado, já que tinha meros 16 anos, mas pra ela já não era sem tempo.
Ah, ele era perfeito. Ela tinha certeza disso e não perdia uma oportunidade de dizê-lo. Não se pode dizer que era apenas bonito: ele era maravilhoso! Alto, forte, olhos claros, cabelos escuros e um porte digno de realeza.
Isa considerava-se a mulher mais sortuda que conhecia, e que os conhecidos dela conheciam, e os conhecidos destes...
Ele visitava-a todos os dias, em seu quarto, e ficava com ela até que adormecesse. Ouvia tudo o que ela tinha a dizer com uma expressão simpática de interesse. Fazia companhia quando ela se sentia sozinha. Saia com ela sempre que ela não tivesse compromissos.
Era rico, morava num palácio e era quase um rei, mas mesmo assim era humilde e modesto. Inteligente e culto, gostava de poesia e dominava a lógica. Compunha músicas para ela em seu violão. Sabia cavalgar e lhe dava uma flor todos os dias.
Com certeza, era tudo o que Isabel queria, aliás, o que quase toda mortal queria. Tão incrível era seu amor, que Isabel abriu mão de seus outros lazeres só para passar mais tempo com ele.
Ao fim de um mês, Isabel estava perdidamente apaixonada. Mas eis o fim, triste e cruel! O livro acabou, e parece que a Branca de Neve ficou com ciúmes.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Embriaguez emocional


A rotina é como morfina. Uma morfina diferente, uma droga psicológica.
Enquanto a droga física nos anestesia, sufocando as dores, a droga psicológica nos ocupa, anestesiando os sentimentos.
O amor, a saudade e o pesar são “constantes temporárias” sempre na espreita. É apenas darmos um tempo da rotina, descançar a mente, que eles vêm mais a tona. Talvez seja a rotina nosso maior sossego.
Não é a chuva e o tempo ruim que nos trazem lembranças, é parar e ver a chuva. Não é o sol e o céu limpo que nos deixam alegres, é aproveitar o dia.
A melancolia, a nostalgia, não se nos apresentam quando menos esperamos, mas quando temos tempo de esperar. Quando paramos pra organizar a mente, colocar as coisas em ordem, é que elas se bagunçam, fogem ao controle, dão piruetas.
O cotidiano é a inércia humana.