segunda-feira, 10 de agosto de 2009

1984 é o nosso mundo


Se déssemos ao nosso mundo a metade da atenção que damos ao mundinho do "Grande Irmão", as coisas não seriam assim.
Enquanto "fazem e acontecem", nos contentamos com um pedaço de pão e uma gladiação, ou uma Glob'iação, no caso. Mas isso não é uma novidade pra ninguém. Todos sabem; todos negam; todos fazem.
Mas não posso ser tão cruel, afinal, mesmo os que buscam - pelos meios mais ágeis - assistir (sim, só isso) o que acontece acabam na mesma política de pão e circo, mas dessa vez com o subtítulo de Informação.
O Grande Irmão ainda parece uma realidade mais... alcançável. Ele nos faz crer que podemos participar, que algo depende de nós, que somos nós as mãos que movem o fantoche e a voz que o faz "pensar", que tudo aquilo que não nos agrada será resolvido no apertar de uma tecla.
O nosso Grande Irmão não tem mais nada do Big Brother do Orwell. Nem as regras, nem a organização, nem a forma de fazer o errado ser certo. Mas de tudo, ainda, o que menos tem é, sem dúvida alguma, a genialidade.

"Guerra é paz,
Liberdade é escravidão,
Ignorância é força."


Isso deveria nos fazer bem menos sentido.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Namorado de contos de fadas...


Isabel estava apaixonada. Não que seja uma condição anormal ela nunca ter se apaixonado, já que tinha meros 16 anos, mas pra ela já não era sem tempo.
Ah, ele era perfeito. Ela tinha certeza disso e não perdia uma oportunidade de dizê-lo. Não se pode dizer que era apenas bonito: ele era maravilhoso! Alto, forte, olhos claros, cabelos escuros e um porte digno de realeza.
Isa considerava-se a mulher mais sortuda que conhecia, e que os conhecidos dela conheciam, e os conhecidos destes...
Ele visitava-a todos os dias, em seu quarto, e ficava com ela até que adormecesse. Ouvia tudo o que ela tinha a dizer com uma expressão simpática de interesse. Fazia companhia quando ela se sentia sozinha. Saia com ela sempre que ela não tivesse compromissos.
Era rico, morava num palácio e era quase um rei, mas mesmo assim era humilde e modesto. Inteligente e culto, gostava de poesia e dominava a lógica. Compunha músicas para ela em seu violão. Sabia cavalgar e lhe dava uma flor todos os dias.
Com certeza, era tudo o que Isabel queria, aliás, o que quase toda mortal queria. Tão incrível era seu amor, que Isabel abriu mão de seus outros lazeres só para passar mais tempo com ele.
Ao fim de um mês, Isabel estava perdidamente apaixonada. Mas eis o fim, triste e cruel! O livro acabou, e parece que a Branca de Neve ficou com ciúmes.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Embriaguez emocional


A rotina é como morfina. Uma morfina diferente, uma droga psicológica.
Enquanto a droga física nos anestesia, sufocando as dores, a droga psicológica nos ocupa, anestesiando os sentimentos.
O amor, a saudade e o pesar são “constantes temporárias” sempre na espreita. É apenas darmos um tempo da rotina, descançar a mente, que eles vêm mais a tona. Talvez seja a rotina nosso maior sossego.
Não é a chuva e o tempo ruim que nos trazem lembranças, é parar e ver a chuva. Não é o sol e o céu limpo que nos deixam alegres, é aproveitar o dia.
A melancolia, a nostalgia, não se nos apresentam quando menos esperamos, mas quando temos tempo de esperar. Quando paramos pra organizar a mente, colocar as coisas em ordem, é que elas se bagunçam, fogem ao controle, dão piruetas.
O cotidiano é a inércia humana.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Meu medo...



Meu medo de escrever tinha um único motivo:
Logo eu que não sou íntima de nomes e denomes, teria, um dia, que dizer o que escrevo.
E dizer que escrevo textos ou histórias não adiantaria. Teria que dizer se escrevo contos, ou escrevo crônicas, ou poemas, quem sabe. Teria que dizer se sou realista ou romancista, naturalista ou barroca.
Não sou.
Não escrevo mais do que frases, às vezes nem mais do que palavras.
Meus textos serão sem nome e sem renome, como eu. Com eventuais apelidos, que aceitem ser chamados de título.
Nem só meus textos seriam atingidos pelos impiedosos nomes - que não fazem distinções entre o que nomeiam; mas eu seria uma escritora, boa ou má, mas uma escritora. Talvez até seja melhor ser uma má escritora, porque assim todos aqueles que têm bom senso não me chamariam assim.
Não é que eu seja contra os escritos ou escritores; aliás, bem ao contrário, gosto de muitos. Mas eu não sou uma escritora e o que escrevo são apenas textos.
E mesmo com tudo isso, alguém vai acabar de ler dizendo que leu uma crônica muito esquisita, dia desses.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ser diferente anda "in"


Tanta gente diferente nesse mundinho e tanta diferença que até fica meio igual, mas há tanta mais indiferença, e tão mais igual.
Não falo em dar dinheiro pra mendigo, perdoar criminoso e ter pena de prostituta, pois sou contra essas coisas e hipocrisia só uso em casos bem sociais.
Falo daquela indiferença sentimental, daquele individualismo quando o interesse não somos nós mesmos. Falo dos indiferentes, não dos não diferentes.

Mas é meio complicado falar disso, já que alguém pode acabar levando meu texto a sério e passar a dar uma de psicólogo social comunitário. E não queremos um bom samaritano se intrometendo nas nossas vidas.

Resumindo isso tudo, falo daqueles bons e velhos valores de uma amizade verdadeira: "ser amigo nas horas boas e nas ruins". Mesmo que seja clichê, é isso mesmo.
Não ser grudento, mas ser presente.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Poemas tão meus...


Eu jamais poderia escrevê-los, mas são meus...

São meus por obra do acaso e por semelhança;
São meus por obra do destino e por sentimento.
São meus porque sinto e porque se não fossem, fariam falta;
São meus por carinho e de coração.