segunda-feira, 10 de agosto de 2009

1984 é o nosso mundo


Se déssemos ao nosso mundo a metade da atenção que damos ao mundinho do "Grande Irmão", as coisas não seriam assim.
Enquanto "fazem e acontecem", nos contentamos com um pedaço de pão e uma gladiação, ou uma Glob'iação, no caso. Mas isso não é uma novidade pra ninguém. Todos sabem; todos negam; todos fazem.
Mas não posso ser tão cruel, afinal, mesmo os que buscam - pelos meios mais ágeis - assistir (sim, só isso) o que acontece acabam na mesma política de pão e circo, mas dessa vez com o subtítulo de Informação.
O Grande Irmão ainda parece uma realidade mais... alcançável. Ele nos faz crer que podemos participar, que algo depende de nós, que somos nós as mãos que movem o fantoche e a voz que o faz "pensar", que tudo aquilo que não nos agrada será resolvido no apertar de uma tecla.
O nosso Grande Irmão não tem mais nada do Big Brother do Orwell. Nem as regras, nem a organização, nem a forma de fazer o errado ser certo. Mas de tudo, ainda, o que menos tem é, sem dúvida alguma, a genialidade.

"Guerra é paz,
Liberdade é escravidão,
Ignorância é força."


Isso deveria nos fazer bem menos sentido.

Um comentário:

Teu-eterno-e-terno-caderno-sempre-contigo-até-o-Inferno disse...

"A democracia lhe dá uma certa aparência de verdade objetiva e demonstrável. O homem comum, funcionando como cidadão, tem a sensação de que é realmente importante para o mundo - de que é ele que administra as coisas. Suas lamúrias contra os patifes e os demagogos dão-lhe uma enorme e misteriosa sensação de poder - o que faz a felicidade de arcebispos, sargentos da polícia e outras sumidades. Da democracia, ele extrai também a convicção de que sabe das coisas, de que suas opiniões são levadas a sério pelos maiorais - o que faz a felicidade dos senadores, das quiromantes e dos jovens intelectuais. Finalmente, dela sai também a consciência de um alto dever triunfalmente cumprido - o que faz a felicidade dos carrascos e dos maridos."

Henry Louis Mencken (Últimas palavras sobre a democracia - 1926)

Qualquer nova cultura, mesmo a de "reality shows", não faz senão trazer à tona o que o homem médio é - como uma raspadinha, em que se vê o que está lá desde sempre; não creio, portanto, que a existência de tais programas possa ser tachada de maléfica.

No que creio, ou melhor, do que tenho certeza é que a amo sua... sua... fofa.